Quero lembrar da primeira dor; chorar por ela. Da segunda dor; chorar também. E assim por diante até libertar todo o choro que guardei por medo da fraqueza mas a real é que cansa, entende? Já quis dizer que não, eu não sou forte, não. Mas pra quê chateá-los com detalhes? E agora eu tenho vontade de chorar pelas minhas dores desde o início, por todas elas - até as que não doeram tanto assim. Chorar e chorar e deixar os meus travesseiros conhecerem as lágrimas porque até essa noite eles só conheciam os sonhos e o virar de um lado pro outro sufocando a tristeza.
Mas agora não. Agora eu quero me arrepender e cair aos prantos lembrando do 'estou tentando me desprender de você'. Claro, eu já deveria saber que o normal é as pessoas se desprenderem umas das outras. O natural é seguir com a vida, apesar. Já fiz tanto isso, sabe? Já dei tantas voltas por cima e já superei tão bem tanta coisa que agora eu queria me dar o luxo de um egoísmo que só vai pensar na minha dor até o dia em que ela se enjoar de mim e for doer em outra pessoa. Agora eu quero chorar até inundar e até não poder mais.
Até matar afogado quem tá ocupando espaço demais aqui dentro.
Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar